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CINEMA BRASIL E A PORNOCHANCHADA



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Drama

1928

BRASA DORMIDA, de Humberto Mauro. Com Nita Ney, Luiz Soroa.
O jovem Luís Soares é mandado para o Rio de Janeiro pelo pai industrial, para estudar. Na cidade grande, Luís gasta toda a mesada e abandona os estudos. Consegue emprego como gerente de uma usina no interior e se apaixona pela filha do proprietário. Enciumado, o ex-gerente escreve cartas anônimas ao dono da usina revelando o namoro de sua filha com Luís. Não querendo o casamento, o pai afasta a filha da usina, mas, durante uma festa, os dois se apaixonam de novo. Enquanto acontece a festa, o ex-gerente joga uma bomba na usina e, quando Luís retorna, entram em luta corporal, caindo o ex-gerente num bujão de melado fervente, onde morre. Percebendo a integridade e as boas intenções do rapaz, o proprietário finalmente permite o casamento dos dois.

1929/1931

LIMITE, de Humberto Mauro. Com Mário Peixoto, Tarciana Rei, Olga Breno, Carmen Santos.
O tema é a ânsia do homem pelo infinito, seu clamor e sua derrota. A situação é um barco perdido no oceano com três náufragos: um homem e duas mulheres. O filme começa no barco, onde os náufragos estão abatidos, deixaram de remar e parecem conformados com seu destino. Uma das mulheres conta sua história: mesmo com a cumplicidade de seu carcereiro, não encontra a paz. Tenta trabalhar, mas a monotomia a esmaga. O homem reanima a outra moça caída no fundo do barco. Ela também conta sua história: em virtude de um casamento infeliz e desastrado com um pianista bêbado, a mulher sente-se esmagada pela monotonia e pela tirania da vida matrimonial. O homem conta sua história: viúvo, tem um caso de amor com uma mulher casada. Há alegria e tristeza. Visitando o túmulo de sua esposa, encontra o marido da amante, que lhe diz que ela é leprosa. A água acaba no barco. Um barril visto ao longe pode ser a salvação: o homem pula na água e não reaparece à tona. Em desespero, a segunda mulher se atira à primeira, que a agride. Desencadeia-se uma tempestade. No mar calmo que retorna está apenas a primeira mulher agarrada a um destroço. Lentamente a imagem se dissolve num mar de luzes.

1946

O ÉBRIO, de Gilda de Abreu. Com Vicente Celestino, Walter D’Ávila, Rodolfo Arena, Alice Archambeau.
Jovem do interior, com grande talento para a música e boa situação financeira, Gilberto Silva se vê totalmente despossuído quando seu pai perde a fazenda. Sem o apoio dos parentes, o rapaz migra para a cidade grande, perambulando pelas ruas, até que, desesperado, ao entrar numa igreja, o padre ouve seus pedidos de ajuda e convida-o para viver no anexo da sacristia. O religioso incentiva-o a procurar um emprego e, também, a explorar as suas habilidades artísticas. O grande sonho de Gilberto, porém, é entrar para a faculdade de medicina. Ainda assim, ele acaba se inscrevendo para um programa de calouros da rádio, tornando-se em pouco tempo um fenômeno de popularidade. Com o sucesso inesperado como cantor, Gilberto cria as condições para cursar a universidade e se transforma num cirurgião muito requisitado. Sem esquecer quem o ajudou, ele colabora com a igreja e cumpre a promessa feita a uma menina paralítica das pernas, operando-a para que ela recupere os movimentos. No hospital em que trabalha, Gilberto se apaixona por uma das enfermeiras e se casa com a jovem. Rico e famoso, o médico passa a ser assediado pelos parentes que o rejeitaram no passado. Apesar de tudo o que sofreu quando era pobre, recebe-os generosamente em sua casa. No entanto, um de seus primos trama um golpe insidioso: roubar-lhe a mulher e a fortuna em jóias da família. O primo atinge os objetivos e Gilberto, desiludido e sob o impacto da morte do pai, decide abandonar tudo. Desesperado, troca de identidade com um mendigo e se torna alcoólatra, perambulando pelas ruas do Rio de Janeiro e transformando-se num bêbado errante.

1949

TAMBÉM SOMOS IRMÃOS, de José Carlos Burle. Com Vera Nunes, Agnaldo Rayol (estréia aos 12 anos), Grande Otelo, Jece Valadão (estréia).
Dois irmão negros, Renato e Miro, são adotados pela família de um rico viúvo e criados em companhia de seus filhos brancos, Marta e Hélio. O problema do preconceito racial no Brasil foi abordado neste filme, pela primeira vez no Cinema Brasileiro.

1951

PRESENÇA DE ANITA, de Ruggero Jacobi. Com Antonieta Morineau, Orlando Villar, Henriette Morineau, Vera Nunes.
Homem casado envolve-se num triângulo amoroso com uma mulher independente, cuja lembrança o marcará pelo resto da vida.

1954

FLORADAS NA SERRA, de Luciano Salce. Com Cacilda Becker, Jardel Filho, Miro Cerni, Ilka Soares, Sílvia Fernanda, Gilda Nery, Marina Freire, Liana Duval, Lola Brah, John Herbert, Célia Helena, Jaime Barcellos, Renato Consorte, José Mauro de Vasconcelos, Sérgio Hingst, Rubens de Falco.
Lucília, uma dama da sociedade paulista, charmosa, cheia de caprichos e cansada dos prazeres do mundo elegante, resolve descansar em Campos do Jordão. Entretanto, ao fazer a visita de controle médico, descobre que está com tuberculose, mas não consegue suportar o tratamento da clínica, que tornam seus dias de pretenso lazer em melancólica convalescença. Enquanto espera para voltar a São Paulo, conhece Bruno, jovem idealista e aspirante a escritor, por quem se apaixona e é correspondida, fazendo-a perder o trem de volta. Porém, a paixão de Lucília consome rapidamente sua saúde, enquanto Bruno vai se recuperando e começa a se interessar por Olívia, outra paciente da clínica. Lucília termina sozinha, com suas lembranças.

1955

CHICO VIOLA NÃO MORREU, de Román Vañoly Barreto. Com Cyll Farney, Eva Wilma, Inalda de Carvalho, Wilson Grey, Heloisa Helena, Wilza Carla.
Cinebiografia do maior cantor popular que o Brasil já teve, Francisco Alves, O rei da voz.
Desde pequeno, Chico Viola sente forte inclinação para o canto, exibindo-se em bares pouco recomendáveis. Mas é descoberto pelo pai, que o proíbe do violão. Aos 20 anos foge de casa indo para um circo, como acompanhante de Marina, uma cantora muito bonita. Com a morte do pai, retorna para casa e torna-se o chefe da família, sujeitando-se a todo e qualquer emprego. É descoberto em um bar, quando cantava e levado ao teatro musicado. Torna-se sucesso indiscutível. Quando fazia sua primeira gravação, encontra-se com Marina, agora famosa cantora, e passam a viver juntos. Ela abandona-o depois, trocando-o pela sua carreira, que sentia estar em declínio. Chico conhece, então, Maria, a verdadeira paixão de sua vida. Sua vitoriosa carreira é interrompida por um acidente na Via Dutra, quando seu buick choca-se com um caminhão.

RIO 40 GRAUS, de Nelson Pereira dos Santos (estréia). Com Jece Valadão, Glauce Rocha, Roberto Bataglin, Cláudia Morena, Antônio Novaes, Ana Beatriz, Modesto de Souza, Zé Ketti.
Num domingo carioca, a vida é retratada através de cinco pequenos vendedores de amendoim. Em Copacabana, Pão de Açúcar, Corcovado, Quinta da Boa Vista e Estádio do Maracanã, pontos turísticos da cidade, eles procuram compradores para seus produtos. O calor escaldante de 40 graus acaba por unir as aflições dos moradores humildes, que buscam algo de melhor para suas vidas. Depois de mais um dia atribulado, a alegria de viver toma conta de suas vidas, quando participam do ensaio geral das Escolas de Samba.

1956

O SOBRADO, de Walter George Durst e Cassiano Gabus Mendes. Com Fernando Balleroni, Bárbara Fázio, José Parisi, Lia de Aguiar, David Neto, Dionísio Azevedo, Lima Duarte, Márcia Real.
Numa pequena cidade do Rio Grande do Sul, o Sobrado, residência de um dos líderes políticos locais, passa longo tempo sitiado por asseclas do seu rival. Dentro da casa, apesar do perigo em que se encontram todos os que nela vivem, os diversos conflitos continuam se desenrolando.

1957

RIO ZONA NORTE, de Nelson Pereira dos Santos. Com Grande Otelo, Malu Maia, Jece Valadão, Maria Petar, Paulo Goulart, Artur Vargas Júnior, Haroldo de Oliveira, Edson Vitoriano, Iracema Vitória, Erley Freitas, Zé Kéti.
O compositor Espírito da Luz, da Escola de Samba Unidos da Laguna, cai de um trem de subúrbio em movimento. Enquanto é socorrido, sua vida é narrada em flashback. Ele tentara fazer sucesso com sua música, para ter uma casinha onde pudesse morar com a namorada Adelaide e criar o filho Norival. Este acabou fugindo do internato, praticou um assalto na favela e foi morto diante do pai. Espírito teve seus principais sambas roubados pelo inescrupuloso radialista Maurício, que se aproveitava de sua ingenuidade. O compositor acaba sozinho, abandonado por Adelaide. Só quem o visita no hospital, enquanto agoniza, é um violinista erudito, admirador de seu talento e espontaneidade.

1958

ESTRANHO ENCONTRO, de Walter Hugo Khouri. Com Mário Sérgio, Andréa Bayard, Luigi Picchi, Lola Brah, Sérgio Hingst.
Um jovem salva uma garota das garras de um sádico, que a mantinha prisioneira, e a abriga na casa de sua amante, sob os protestos do zelador.

O GRANDE MOMENTO, de Roberto Santos. Com Gianfrancesco Guarnieri, Myriam Pérsia, Paulo Goulart, Vera Gertel, Turíbio Ruiz, Norah Fontes, Jayme Barcellos, Lima Duarte, Milton Gonçalves, Flávio Migliaccio.
No Brás, tradicional bairro operário de imigração italiana em São Paulo, um jovem trabalhador tem intenção de casar-se, mas não dispõe do dinheiro necessário. Resolve então vender sua bicicleta, sem conseguir todavia resolver seus problemas. Durante a festa nupcial, os convidados, mais numerosos do que o previsto, acabam com os “comes e bebes”, sem que o comprador da bicicleta apareça com a última parcela do pagamento, da qual depende a lua-de-mel. A noiva, desesperada, vai procurá-lo, fica bêbada e some. Quando os noivos finalmente dispõem do dinheiro para partir, eles se dão conta de que ele é insuficiente e que, para começar a vida juntos, devem substituir o dinheiro pelo amor.

1962

OS CAFAJESTES, de Ruy Guerra. Com Jece Valadão, Norma Bengell, Daniel Filho, Glauce Rocha, Hugo Carvana, Lucy de Carvalho.
Jandir, um vigarista na zona sul carioca e seu amigo fotógrafo Vavá, têm como passatempo tomar “bolinhas” e levar garotas para passear de carro em praias desertas e tirar fotos delas nuas, para posteriormente fazer chantagem com seus amigos e familiares. Seduzida por Jandir, Leda torna-se vítima da dupla e acaba se aliando a eles e convencendo sua prima Vilma a cair no mesmo truque.
A seqüência de Norma Bengell nua na praia, iluminada pelos faróis do Buick de Vavá, provocou grande escândalo e problemas com a censura da época.

CINCO VEZES FAVELA.
1- “Um favelado”: de Marcos Farias. Com Isabela, Flávio Migliáccio, Henrique Montes, Waldir Fiori, Alex Viany. Um favelado, desempregado e sem dinheiro, arquiteta um plano para ganhar dinheiro, mas é descoberto e preso pela polícia.
2- “Zé da cachorra”: de Miguel Borges. Com Waldir Onofre, Ângelo Labanca, José Saenz, Cecil Thiré. Um latifundiário quer de volta suas terras, onde está instalada uma favela. Um favelado luta contra a passividade de uma comissão de moradores, que estão aceitando a situação desfavorável que lhes foi imposta.
3- “Escola de Samba Alegria de Viver”: de Carlos Diegues. Com Maria da Graça, Abdias do Nascimento, Oduvaldo Vianna Filho, Escola de Samba Unidos do Cabuçu. Um favelado, presidente do grêmio recreativo, divide-se entre lutar pela sua categoria ou aceitar as imposições comerciais do carnaval.
4- “Couro de gato”: de Marcos Farias. Com Riva Nimitz, Henrique César, Napoleão Muniz Freire; Cosme Santos, Cláudio Correia e Castro, Milton Gonçalves. Moradores favelados caçam gatos a fim de usar seu couro para fabricar tamborins, que serão usados no carnaval.
5- “Pedreira de São Diogo”: de Leon Hirszman. Com Glauce Rocha, Francisco de Assis, Sady Cabral, Joel Barcellos, Zózimo Bulbul, Haroldo de Oliveira, Cecil Thiré. No Rio de Janeiro, sobre uma pedreira há uma favela. Ao perceberem o risco de desabamento dos barracos, em conseqüência das explosões de dinamite, os operários incitam os moradores a iniciar movimento de resistência para impedir um acidente fatal.

O PAGADOR DE PROMESSAS, de Anselmo Duarte. Com Leonardo Villar, Glória Menezes, Dionísio Azevedo, Geraldo Del Rey, Norma Bengell, Othon Bastos (estréia), Antônio (Pitanga) Sampaio.
Zé do Burro e sua mulher Rosa vivem numa pequena propriedade a 42 quilômetros de Salvador. Um dia, o burro de estimação de Zé é atingido por um raio e ele acaba indo a um terreiro de Candomblé, onde faz uma promessa a Santa Bárbara para salvar o animal. Com o restabelecimento do bicho, Zé põe-se a cumprir a promessa e doa metade de seu sítio, para depois começar uma caminhada rumo a Salvador, carregando nas costas uma imensa cruz de madeira. Mas a via crucis de Zé ainda se torna mais angustiante ao ver sua mulher se engraçar com o cafetão Bonitão e ao encontrar a resistência ferrenha do padre Olavo, a negar-lhe a entrada na sua igreja pela razão de Zé haver feito sua promessa num terreiro de macumba. Zé do Burro passa a ser acusado de agitador social, tendo que enfrentar a incompreensão, a intriga e a má-fé, remetendo-o a um final trágico.

PORTO DAS CAIXAS, de Paulo César Saraceni (estréia). Com Reginaldo Faria, Irma Alvarez, Paulo Padilha, Sérgio Sanz.
Uma mulher, esposa de um funcionário da rede ferroviária, vive uma vida oprimida e medíocre, num lugarejo perdido e estagnado. A cidade do interior onde mora revela a decadência: uma fábrica parada, um convento em ruínas, o barulho do trem, um parque de diversões vazio, uma feira sem entusiasmo, um comício sem força reivindicatória. Para livrar-se dessa situação, resolve matar o marido; para isso, procura a ajuda de seu amante, de um soldado e de um barbeiro, mas eles se negam ao crime. Disposta a libertar-se do meio, a mulher mata o marido sozinha. Seu amante acaba sendo seu cúmplice e a arma do crime é uma machadinha. Após o crime se consumar, o drama da mulher só faz crescer.

1963

CASINHA PEQUENINA, de Glauco Mirko Laurelli. Com Mazzaropi, Geny Prado, Tarcísio Meira, Guy Loup, Marina Freire, Marly Marley, Edgard Franco, Luiz Gustavo, Roberto Duval.
No Brasil imperial, rico fazendeiro escravagista é chantageado por uma dama; para se livrar dela, envolve inocentes camponeses em uma trama diabólica.

OS FUZIS, de Ruy Guerra. Com Átila Iório, Nelson Xavier, Paulo César Pereio, Hugo Carvana, Maria Gladys, Ruy Polanah, Cecil Thiré, Joel Barcellos, Antônio Pitanga, Ivan Cândido.
Num bolsão de fome no Nordeste, um grupo de soldados e um motorista de caminhão tentam impedir que a população faminta da seca no sertão da Bahia invada e saqueie um depósito de alimentos. Depois de muita indecisão, o motorista acaba por incitar o povo a invadir e acaba sendo morto por um soldado.

VIDAS SECAS, de Nelson Pereira dos Santos. Com Átila Iório, Maria Ribeiro, Jofre Soares (estréia), Orlando Macedo, os meninos Gilvan e Genivaldo Lima.
Nos idos de 1940, uma família de retirantes nordestinos, o vaqueiro Fabiano, sua mulher, filhos e cachorra, foge da seca que assola o sertão. Durante um período de quase dois anos, eles conseguem se assentar num povoado, até que Fabiano se indispõe com o avaro dono da fazenda em que se emprega e com o soldado da localidade, sendo espancado e preso. Depois de solto, ele não vê mais perspectivas em permanecer no lugarejo e, após matar a cachorra Baleia, numa desesperada tentativa de diminuir a miséria de seus familiares, segue sua angustiante jornada.

1964

NOITE VAZIA, de Walter Hugo Khouri. Com Norma Bengell, Odete Lara, Mário Benvenutti, Gabriele Tinti, Lisa Negri, Marisa Woodward, Anita Kennedy, Célia Watanabe.
Luís, um playboy milionário entediado, que não se contenta com a fortuna e a família que tem, costuma sair todas as noites com um amigo, o atormentado Nelson, à procura de prazeres e emoções fortes. Após uma peregrinação por bares e boates, onde encontram personagens típicas da vida noturna de uma grande metrópole, ambos vão com duas “mariposas”, Mara e Cristina, ao apartamento de luxo do milionário. O ambiente é propício para as maiores loucuras, determinadas pela ânsia de prazer procurado a todo custo. No entanto, os temperamentos se chocam e o milionário e uma das mulheres se torturam mutuamente, revelando suas fraquezas e manias. O outro par chega a vislumbrar a possibilidade de um amor puro e autêntico. Com a madrugada, renasce o tédio e o sentimento de frustração. Os quatro aceitam seus respectivos destinos e aquela noite, cheia de peripécias, mas vazia, não altera nada em suas vidas.

VIAGEM AOS SEIOS DE DUÍLIA, de Carlos Hugo Christensen. Com Rodolfo Mayer, Natália Timberg, Oswaldo Louzada, Sarah Nobre.
Aposentado solteirão e solitário viaja para a cidadezinha onde nasceu à procura do seu primeiro e único amor. Ainda com a imagem da garota aos quinze anos, acaba encarando a realidade nua e crua do passar dos anos, da velhice e dos tempos que já não mais existem.

1965

CRÔNICA DA CIDADE AMADA, de Carlos Hugo Christensen.
O diretor homenageia o Rio de Janeiro, na passagem do quarto centenário da cidade, através de onze pequenas estórias, baseadas em crônicas de autores famosos.
1-) “O índio”: de Carlos Drumond de Andrade. Com Procópio Ferreira e Magalhães Graça.
2-) “Iniciada a peleja”: de Fernando Sabino. Com Jardel Filho, Ziembinski, Thais Moniz Portinho, Milton Carneiro, Jota Barroso e Marivalda.
3-) “O homem que se evadiu”: de Dinah Silveira de Queiroz. Com Artur Semedo, Márcia de Windsor, Leilany Fernandes, Fernando Pereira.
4-) “Um pobre morreu”: de Paulo Rodrigues. Com Grande Otelo, Eliezer Gomes, Pepa Ruiz, Sérgio Oliveira.
5-) “Receita de domingo”: de Paulo Mendes Campos. Com Oscarito, Liana Duval, Millor Fernandes, Deborah Rubinstein e Luiz Viana.
6-) “A morena e o louro”: de Dinah Silveira de Queiroz. Com Ismália S. Penna, Armando Nascimento, Osvaldo Louzada e Janira Santiago;
7-) “Aparição”: de Paulo Mendes Campos. Com Hamilton Ferreira e Ana di Pardo.
8-) “O mal entendido”: de Orígenes Lessa. Com José C. Correia, Lúcio Pereira, Germano Filho e Adalberto Silva.
9-) “O pombo enigmático”:, de Paulo Mendes Campos. Com Lita Palácios, Mário de Lucena, Ricardo de Luca, Otávio Cardoso.
10-) “Aventura carioca”: de Paulo Mendes Campos. Com Vagareza, Ambrósio Fregolente, Cecil Thiré e Manoel Vieira.
11-) “Luiza”: de Carlos Drumond de Andrade. Com Jayme Costa, Moacyr Deriquén, Duarte de Morais e Siwa Castro.

O DESAFIO (aka No Brasil Depois de Abril), de Paulo César Saraceni. Com Isabella, Gianina Singulani, Oduvaldo Vianna Filho, Sérgio Britto, Luiz Linhares, Joel Barcellos, Hugo Carvana, Marilu Fiorani, Renata Graça, Couto Filho, Maria Bethânia, Zé Ketti, João do Valle, Elis Regina, Nara Leão.
O jornalista Marcelo, um jovem carioca que se vê sem perspectivas ao sofrer desilusões amorosas e políticas. Após a Revolução de 1964, ele se sente impotente diante dos acontecimentos e culpado em relação a seus amigos torturados pelo governo. Marcelo encontra Ada, esposa de um rico industrial, que se torna sua amante, mas que hesita em deixar sua vida luxuosa, seu marido e seu filho. Ao mesmo tempo, ele se sente insatisfeito com o cotidiano da redação do jornal e em não encontrar alento entre seus companheiros de esquerda.

A FALECIDA, de Leon Hirszman. Com Fernanda Montenegro, Paulo Gracindo, Wanda Lacerda, Ivan Cândido, Nelson Xavier, Dinorah Brilhante, Joel Barcellos, Hugo Carvana, José Wilker (estréia).
Zulmira é obcecada pela idéia da morte e deseja um enterro luxuoso, como compensação pela vida miserável que leva, num subúrbio do Rio de Janeiro. Acreditando padecer de tuberculose, procura um médico, que lhe garante gozar de perfeita saúde. Psicologicamente abalada, acaba por converter sua fantasia em realidade, e a doença se manifesta num ataque de tosse. Certa de que morrerá em breve, pede ao marido, um fanático por futebol, que procure o sr. Guimarães, o homem mais rico do bairro, para extrair-lhe o dinheiro para um funeral de luxo. Guimarães se recusa a contribuir e revela que foi amante de Zulmira. Passa então a ser chantageado pelo marido desempregado. Zulmira morre, o marido encomenda o funeral mais barato e segue para o estádio de futebol, deixando para os vizinhos a incumbência de acompanhar o cortejo.

MENINO DE ENGENHO, de Walter Lima Júnior (estréia). Com Geraldo del Rey, Sávio Rolim, Anecy Rocha, Maria Lúcia Dahl, Antônio Pitanga, Rodolfo Arena.
A mãe de Carlinhos morre de forma violenta. O menino, triste, é enviado para o engenho Santa Rosa, onde será criado pelo avô, o cel. José Paulino. A “tia” Maria, jovem e bela, será sua segunda mãe. E o “tio” Juca é o novo amigo que lhe explica a vida dos engenhos de açúcar. Carlinhos, com o moleque Ricardo e outros primos e meninos, se mistura ao mundo dos canaviais. Sua vida transcorre normalmente até o dia em que morre a “prima” Lili. Novamente violentado, Carlinhos sofre. Corre o tempo, Carlinhos já está mais adaptado. Vai à escola, ouve estórias de assombração da boca do negro Zé Guedes, corre para a cama da “tia” Maria, procurando um aconchego maternal. O coronel José Paulino e o “tio” Juca enfrentam problemas econômicos: chegaram as usinas, os americanos querem comprar os velhos engenhos para industrializar o Nordeste. Tio Juca é orgulhoso, como também o coronel José Paulino, e ambos resistem às propostas. Carlinhos um dia descobre que a “tia” Maria vai se casar e esse fato é outro choque para sua personalidade em formação. Vem o dia do casamento, Carlinhos sente ciúmes. Quando a tia parte, Carlinhos ainda corre atrás dos noivos. Agora Carlinhos descobre a vida: está virando homem. Chega, tempos depois, a prima Maria Lúcia, com Maria, para uma visita a Santa Rosa. É a prima, bela garota de treze anos, que despertará o interesse sentimental de Carlinhos. Surge um romance entre Maria Lúcia e tio Juca. Carlinhos vê o tio beijando a prima. Maria Lúcia parte, Carlinhos fica triste. Toda sua vida sofre com as partidas dos entes queridos. Um dia, ele mesmo partirá para o colégio. Despede-se do Santa Rosa. Agora ama a tudo e a todos. O trem corre pela várzea. Os moleques, Ricardo e Andorinha, correm atrás se despedindo de Carlinhos, que se lembra do carnaval e dos cangaceiros. Mas a última imagem que fica na sua memória é a da prima amada.

SÃO PAULO S/A, de Luiz Sérgio Person. Com Walmor Chagas, Eva Wilma, Otello Zelloni, Ana Esmeralda, Darlene Glória, Osmano Cardoso, Etty Fraser, Armando Sganzerla, Nadir Fernandes, Sílvio Rocha.
A estória gira em torno de pessoas numa grande cidade, que vemos todos os dias à nossa frente, que sentem necessidade de se divertir, de fugir ao tédio, à monotonia, à vida agitada de São Paulo, indo em busca de aventuras. A ação se passa no tempo do recente surto da indústria automobilística. A chegada das montadoras de veículos à região do ABC, no Estado de São Paulo, transforma o jovem Carlos, de operário a um bem-sucedido profissional e sócio de uma firma de auto peças. Apesar do êxito, uma profunda crise se abate em Carlos, diante da vida sem maior significado e este passa a viver angustiado e insatisfeito. Em busca de uma nova forma de vida, abandona a mulher, o filho e o emprego, para perceber, finalmente, que não há muitas saídas na sociedade atual.

1966

CORPO ARDENTE, de Walter Hugo Khouri. Com Bárbara Laage, Lilian Lemmertz, Dina Sfat, David Cardoso, Mário Benvenutti, Pedro Paulo Hatheyer, Sérgio Hingst, Marisa Woodward, Sônia Clara, Célia Watanabe.
Márcia, típica mulher moderna, inteligente e sociável, inquieta e insatisfeita, tem ao redor de si o marido Roberto, o amante Eduardo, mais a amante do marido, Glória, e uma universitária apaixonada por Eduardo, Renata. Um círculo inexorável. De repente, Márcia decide afastar-se desse mundo, que lhe parece repugnante pela vacuidade, pela insinceridade e por suas limitações. Na companhia de seu filho de 10 anos, viaja à Serra de Itatiaia, a meio-caminho entre São Paulo e Rio de Janeiro, onde procura repensar sua vida. Experimenta lá um interesse obsessivo pelo comportamento selvagem e exultante de um cavalo reprodutor, fugido dos haras da redondeza. A natureza vegetal, mineral e animal atuam, então, fortemente sobre Márcia, ora elucidando-a, ora aprofundando seus conflitos.

O PADRE E A MOÇA, de Joaquim Pedro de Andrade. Com Helena Ignez, Paulo José (estréia), Mário Lago, Fauzi Arap, Rosa Sandrini, Luiz Jasmin.
A chegada de um jovem padre sacode o imobilismo de uma cidadezinha de Minas Gerais. Por trás dos cochichos das beatas se desenvolvem dramas, como a frustração contida do farmacêutico, cuja importância estimula a maledicência. Entre o padre e uma bela jovem do lugar nasce uma atração, de início casta, que se transforma numa paixão ardente, precipitando a eclosão de luta obscurantista alimentada por desejos insatisfeitos. Ambos são consumidos pelo sexo e a fúria de uma cidade escandalizada.

1967

O CASO DOS IRMÃOS NAVES, de Luiz Sérgio Person. Com John Herbert, Juca de Oliveira, Raul Cortez, Anselmo Duarte, Cacilda Lanuza, Júlia Miranda, Sérgio Hingst, Lélia Abramo.
Na pacata cidade mineira de Araguari, em 1937, durante o Estado Novo, época da ditadura de Getúlio Vargas, um homem desaparece levando grande soma de dinheiro. Seus sócios, Sebastião e Joaquim Naves, são acusados pela morte do homem, por um tenente e por toda a opinião pública. Depois de sofrerem toda a sorte de torturas e humilhações, são condenados. Em 1952, quinze anos mais tarde, a suposta vitima reaparece, trazendo à tona um dos mais famosos erros judiciários acontecidos no país. A reabilitação dos inocentes atinge apenas a um dos irmãos, pois o outro havia morrido na prisão.

A MARGEM, de Ozualdo Candeias. Com Mário Benvenutti, Valéria Vidal, Bentinho, Lucy Rangel, Tele Kare, Paula Ramos.
Na favela às margens do rio Tietê, duas trágicas histórias de amor, dois casos que a sociedade ignora e que, em meio à miséria e à luta pela sobrevivência, tentam encontrar-se através do sentimento. Os personagens se envolvem entre a vida da favela, com seus pequenos golpes pela sobrevivência, e a existência no submundo paulista, que deteriora qualquer tentativa de ligação amorosa. O final trágico de um deles, morto por atropelamento, e o de outro, assassinado por uma prostituta, sintetizam a visão trágica dessa realidade social.

O MENINO E O VENTO, de Carlos Hugo Christensen. Com Ênio Gonçalves, Luiz Fernando Ianelli, Wilma Henriques, Odilon de Azevedo, Oscar Felipe, Germano Filho.
O engenheiro José Roberto visita a cidade de Bela Vista, no interior de Minas Gerais, famosa pelo vento forte que a sacode dia e noite. Lá conhece um moleque, Zeca da Curva, que se diz enfeitiçado pelo vento. Compartilham a mesma adoração pelo vento, até que, um dia, o menino desaparece. Tempos depois, José Roberto é chamado para responder processo, acusado como responsável pelo mistério e de ter mantido com Zeca da Curva relações anormais. Toda a cidade o condena. Durante o julgamento, José Roberto deixa o seu depoimento, mas é interrompido pelo vento, que corta a sala do tribunal, levando pelo ar o processo, como se Zeca da Curva houvesse voltado, pregando uma peça nos costumes arcaicos do lugar, nos preconceitos e na população.

TERRA EM TRANSE, de Glauber Rocha. Com Paulo Autran, Glauce Rocha, Jardel Filho, José Lewgoy, Paulo Gracindo, Paulo César Pereio, Hugo Carvana, Danusa Leão, Modesto de Souza, Mário Lago, Flávio Migliáccio, Thelma Reston, Francisco Milani, Emanuel Cavalcanti, Zózimo Bulbul, Maurício do Valle, Darlene Glória, Elizabeth Gasper, Irma Alvarez, Sônia Clara, Jofre Soares, Clóvis Bornay
Porfírio Diaz, senador, odiando o povo, pretende coroar-se imperador de um país fictício chamado Eldorado, para impor aos sub-homens eldoradenses sua toda-poderosa vontade de super-homem. Mas, existem outros candidatos: Vieira, governador de Alecrim, província de Eldorado, é um demagogo populista que se elege à custa do voto dos camponeses e operários para depois, no poder, fuzilar seus líderes, e Don Júlio Fuentes, a expressão máxima da burguesia progressista em Eldorado. Dono de tudo: minério, petróleo, siderurgia, imprensa e televisão. Paulo Martins é o poeta e jornalista, a consciência em transe de Eldorado, o homem que vai lutar contra os tiranos de Eldorado.

VIDAS NUAS, de Ody Fraga. Com Alfredo Scarlati, Francisco Negrão, Lisa Negri, Maria Alba Espósito, Nelcy Martins, Thaís Helena, Tânia Reyes.
O drama de um intelectual casado com uma milionária que o trai com um gigolô. Ele não liga, buscando compensações em noitadas boêmias em boates, enquanto sua mulher recebe em casa o amante, que, na verdade, está interessado na enteada do herói. Vendo o que sua mãe faz com o marido, a moça passa a se compadecer do padrasto, e esse sentimento se transforma em amor. Sua mãe, desiludida com o amante, busca o suicídio, matando-se no carro a alta velocidade. O intelectual e sua enteada iniciam juntos uma nova vida.

1968

AS AMOROSAS, de Walter Hugo Khouri. Com Paulo José, Lilian Lemmertz, Jacqueline Myrna, Anecy Rocha, Clarisse Abujamra, Stênio Garcia.
Jovem estudante universitário, vive em permanente estado de perplexidade e indecisão emocional, o que se reflete em todas as suas atitudes e tomadas de posição frente à vida. De formação burguesa, vive quase na pobreza, morando em casa de amigos e arranjando dinheiro com pequenos serviços e com empréstimos conseguidos de sua compreensiva mãe. A falta de qualquer perspectiva provoca nele uma angústia permanente, que se traduz em dolorosa frustração. O único derivativo que encontra é o amor físico, que o leva a estabelecer relações com os mais diversos tipos de mulheres, entre elas uma jovem estudante e uma atriz de televisão. Mas não encontra satisfação no sexo e tudo o leva ao caos profundo, em que os impulsos mais diversos e inesperados o conduzem a uma inevitável auto-destruição. Embora todas as contradições, ainda há nele uma legítima ansiedade, uma busca permanente de algum valor maior que o livre do mundo opressivo que o cerca.

CAPITU, de Paulo César Saraceni. Com Isabella, Othon Bastos, Marília Carneiro, Raul Cortez, Rodolfo Arena, Ziembinski, Nelson Dantas.
Capitu e Bentinho, casados recentemente, vivem dias felizes na rica mansão da família. Próximo a eles, Sancha e Escobar, seus amigos de infância. Gozam também, as delícias de um casamento feliz. Amigos íntimos, os dois casais se divertem juntos em festas e passeios, chegando inclusive, a planejar o casamento entre seus filhos, Ezequiel e Capituzinha. O ciúme doentio de Bentinho por Capitu, faz com que ele veja em Ezequiel, traços e gestos de seu amigo Escobar, transformando totalmente a vida do casal. A morte de Escobar aumenta as suspeitas de Bentinho, que chega a tentar matar o próprio filho. Em discussão com Capitu, Bentinho deixa claras suas suspeitas, chamando-a de adúltera. O casamento desmoronado passa a ser um pesadelo para Capitu, cuja única alegria é o filho Ezequiel.

CRISTO DE LAMA (aka A História do Aleijadinho), de Wilson Silva. Com Geraldo del Rey, Renato Consorte, Maria Della Costa, Aizita Nascimento, Rodolfo Arena, Jorge Dória, Esmeralda Barros, Milton Vilar, Fábio Sabag, Raul Cortez.
No século XVIII, em Vila Rica, vive um pintor e escultor negro, Antônio Francisco Lisboa, que tem na madrinha Helena,sua protetora e inspiradora. Por Helena sente os primeiros ímpetos amorosos e, após uma aventura noturna, a madrinha, muito religiosa e ciosa da moral, comete suicídio. Isto marca profundamente a obra do artista. Seu único e leal amigo é Mesquita, mais tarde envolvido na conjuração política da Colônia, e preso na jornada libertadora de Tiradentes. Curado da paixão pela madrinha, de quem guarda recordações indeléveis e para quem cumpre a promessa de realizar uma maravilhosa obra escultural de conjunto, e perseguido pela doença incurável que lhe traria a alcunha de Aleijadinho, Lisboa mais tarde se casa com a mulata Narcisa e termina seus dias feliz por ter vencido a incompreensão da confraria religiosa e realizado, nas igrejas de Vila Rica e Congonhas, obra imortal de cunho religioso e artístico.

FOME DE AMOR - Você nunca tomou banho de sol inteiramente nua?, de Nelson Pereira dos Santos. Com Leila Diniz, Arduino Colassanti, Irene Stefânia, Paulo Porto, Manfredo Colassanti, Lia Rossi, Olga Danitch, Márcia Rodrigues, Neville Duarte.
Quatro personagens muito díspares se encontram numa ilha do litoral fluminense. Alfredo, cego, surdo e mudo em consequência de um acidente, é o proprietário da casa de veraneiro e da ilha - seu refúgio. Ula, sensual, muito mais jovem, casou-se com Alfredo antes do acidente. Mariana, jovem de fina sensibilidade, dedicada ao estudo de música concreta, fazia um estágio em Nova York, quando conheceu Felipe. Este, jovem e sedutor, foi a primeira experiência amorosa de Mariana. Felipe e Mariana, já casados, encontram-se na ilha que o rapaz dizia ser de sua propriedade. Ula e Felipe se tornam amantes, enquanto Mariana se aproxima afetivamente de Alfredo. Entre eles passam a surgir relações de sexo, paixão e ódio.

JARDIM DE GUERRA, de Neville d’Almeida (estréia). Com Joel Barcellos, Maria do Rosário, Vera Brahim, Carlos Guima, Ezequiel Neves, Paulo Góes, Dina Sfat, Guará Rodrigues, Glauce Rocha, Jorge Mautner, Paulo Villaça, Nelson Pereira dos Santos, Hugo Carvana, Geraldo Mayrink, Adolpho Chadler, Antônio Pitanga, Carlos Alberto Prates Correia, Emanuel Cavalcanti, Zózimo Bulbul.
Edson é um jovem da geração gira-mundo e está na rua, onde acontecem coisas desordenadas, próprias do mundo caótico dos grandes centros urbanos: a indiferença da população urbana, a multidão anônima, e tudo que se passa ao redor. As festas e o apelo do cinema. Edson e suas namoradas. A jovem amiga, pura ou ingênua, que representa uma possibilidade de amor. A outra jovem amiga, impura ou lúcida, é o amor direto, sem limites. E mais duas outras mulheres, enigmáticas, violentas inquisidoras. Sem dinheiro, Edson recorre, sem saber, a um
elemento estranho chamado Basbaum, que é contato com o submundo do crime. Edson recebe 350 dólares e a missão de entregar uma mala em determinado lugar no cais do porto. Ele leva a mala e, num cais cheio de gaivotas, é preso por um marinheiro e alguns homens que o colocam num carro e o conduzem para a sede de uma organização misteriosa. É o início de um grande pesadelo para Edson. Ele não entende isso, como sempre, só que desta vez não pode escapar para nenhum lado. A morte, à sombra da morte, é terrível porque é a única coisa que pode acontecer a qualquer momento e a única saída que tem para o caminho que escolheu.

LANCE MAIOR, de Sylvio Back. Com Reginaldo Faria, Regina Duarte (estréia), Irene Stefânia, Isabel Ribeiro, Lota Moncada, Lúcio Weber, Edson D’Ávila, Cecília de Cristo, Ileana Kwasinski, Joel de Oliveira, Fernando Zeni, Maurício Távora, Odelair Rodrigues, Sérgio Bianchi.
Mário, um bancário e estudante universitário enfrenta, ao mesmo tempo, uma greve no emprego, uma crise pessoal de identidade e a dúvida entre o engajamento político e a ambição de subir na vida. Por isso, ele não consegue se decidir entre duas garotas: Cristina, rica, aparentemente feliz, com seu orgulho e suas teorias de emancipação sexual, e a comerciária Neusa, inexperiente, sensual, insatisfeita, cujo maior desejo é escapar da condição humilde de sua família. Os três, representantes da inquieta juventude moderna, buscam seu lugar ao sol, armando um jogo diabólico no qual as peças são seus corpos ansiosos por amor e aventura.

MADONA DE CEDRO, de Carlos Coimbra. Com Leonardo Villar, Leila Diniz, Anselmo Duarte, Jofre Soares, Ziembinski, Cleyde Yáconis, Sérgio Cardoso.
Delfino Montiel, pacato morador de Congonhas do Campo, cidade histórica brasileira situada em Minas Gerais, é pressionado por um amigo, Adriano, a associar-se a uma quadrilha para roubar a “Madona de Cedro”, valioso tesouro do santuário local. Concorda com aquela associação, visando ganhar dinheiro e dar conforto a sua mulher, Marta, mas o roubo o deixa dominado pelo constante remorso e medo de ser descoberto. Suas preocupações aumentam: a quadrilha descobre que a imagem roubada é uma cópia do original e, devolvendo-a ao Santuário, provoca na população da cidade a sensação de um milagre. Desnorteado, não querendo cometer novo roubo e com medo de sofrer represálias da quadrilha, Delfino revela tudo a sua mulher, que o abandona, considerando-o fraco. Para atender à sua consciência, oferece-se para representar Jesus Cristo na grande procissão em louvor ao reaparecimento da imagem. Imbuído do papel de Cristo, tomado de grande coragem, Delfino confessa publicamente o roubo da “Madona de Cedro”.

1968/72

CÂNCER, de Glauber Rocha. Com Odete Lara, Hugo Carvana, Antônio Pitanga, Eduardo Coutinho, Rogério Duarte, Hélio Oiticica, José Medeiros, Luiz Carlos Saldanha, Zelito Vianna.
Nenhuma história particular, somente três personagens, em 27 planos longos, improvisando situações cujo tema é a violência psicológica, sexual e racial. No comando, a improvisação total.

1969

AS DUAS FACES DA MOEDA, de Domingos de Oliveira. Com Adriana Prieto, Ambrósio Fregolente, Oduvaldo Vianna Filho, Isabel Câmara, Paulo Padilha, Leina Krespi, Hélio Ary, Neusa Amaral, Jorge Dória, Rubens Corrêa, Thelma Reston.
O funcionário público Oduvaldo Canaverde vive mais um dia como todos os outros, após uma noitada povoada de pesadelos, nos quais um terrível anjo branco insiste em anunciar-lhe a sua morte. À noite, solitário diante do aparelho de televisão (a filha saiu para encontrar-se com amigos e a mulher foi para o apartamento do amante), Oduvaldo, de repente, vê em plena sala o anjo que antes só lhe aparecia em pesadelos, confirmando sua morte para o dia seguinte. Oduvaldo, após comunicar à família a proximidade de seu falecimento, sai decidido a fazer de suas últimas horas um acontecimento inesquecível. Esse último dia de vida revelará ao medíocre cinqüentão a inesgotável potencialidade de cada indivíduo, mesmo em fatos comuns, através dos quais Oduvaldo tira as conclusões mais importantes de sua vida. O anjo da morte, no entanto, é irreversível e implacável em sua tarefa. E Oduvaldo terá de travar um duelo sem trégua quando chegar seu momento final. O desenlace dessa batalha trará para Oduvaldo a visão de seu encontro consigo mesmo.

MATOU A FAMÍLIA E FOI AO CINEMA, de Júlio Bressane. Com Márcia Rodrigues, Antero de Oliveira, Renata Sorrah, Wanda Lacerda, Paulo Padilha, Rodolfo Arena, Carlos Eduardo Dolabella, Guará Rodrigues, Maria Rodrigues, Lilian Lemmertz.
Um rapaz da baixa classe média carioca mata os pais com uma navalha e vai ao cinema ver Perdidas de Amor. No filme, Márcia, uma jovem esposa rica, entediada e insatisfeita, aproveita uma viagem do marido para ir à casa de Petrópolis. Sua mãe pede a uma velha amiga, Regina, que a acompanhe e a dissuada de sua idéia de se divorciar. Num barranco, um homem mata uma mulher por amor, enquanto, adiante, duas jovens suburbanas se amam. A mãe de uma delas condena a ligação anormal da filha, mas é morta a machadadas. Um homem mata sua mulher porque ela reclama das dificuldades financeiras. As duas amigas de Petrópolis recordam o tempo de colégio, conversam sobre homens, se acariciam, fazem amor e finalmente se suicidam, trocando tiros.

1970

CLÉO E DANIEL, de Roberto Freire. Com John Herbert, Irene Stefânia, Chico Aragão, Myriam Muniz, Haroldo Costa, Lélia Abramo, Sílvio Rocha, Beatriz Segall, Sady Cabral, Sônia Braga, Zezé Motta.
Cléo e Daniel são dois adolescentes desajustados. A moça busca um analista, Rudolf, que, embora decepcionado com sua profissão, procura ajudá-la. O rapaz foge de seus problemas através do uso de drogas fornecidas por um amigo rico, Marcus, que lhe devota uma amizade anormal. Cléo e Daniel se conhecem através do analista, que é amigo do pai de Marcus. A partir desse momento, uma profunda afeição passa a existir entre os dois. Mas as pressões sociais são muito grandes e, depois de se amarem em plena via pública, terminam por suicidar-se sob o olhar atônito de Marcus e Rudolf.

JULIANA DO AMOR PERDIDO, de Sérgio Ricardo. Com Maria do Rosário, Francisco di Franco, Ítala Nandi, Flávio Portho, Walderez de Barros, Antônio Pitanga, Líbero Rípoli.
O estridente apito de um trem traz desagradáveis lembranças à população de uma aldeia do litoral paulista. Um estrangeiro explora uma comunidade de pescadores, alimentando seu misticismo. A jovem que serve aos interesses do estrangeiro, Juliana, tida como santa e venerada pela população da aldeia, tem consciência da mistificação, mas mantém a aparência, a fim de escapar ao assédio dos pescadores. Impossibilitada de uma relação mais profunda com sua gente, ela busca nos encontros fortuitos com Faísca, um maquinista, a sublimação de seu romantismo. O romance é proibido pelo pai da jovem e os dois namorados não vêem outra saída senão fugir. Mas sua felicidade dura pouco: a população a persegue e a condena à morte. No local, surge uma nova santa e o processo de escravidão.

NAVALHA NA CARNE, de Braz Chediak. Com Jece Valadão, Glauce Rocha, Emiliano Queiroz, Ricardo Maciel, Carlos Kroeber, Gilda Nery.
Neusa Suely, prostituta profissional, sai de casa para a vida noturna, deixando na mesa da cabeceira algum dinheiro para o seu amante Vado, que dorme despreocupadamente. Veludo, um homossexual, entra para arrumar o quarto e rouba o dinheiro para dá-lo a um rapazinho que pretende conquistar. Ao acordar, Vado fica furioso com a amante e a espera para reclamar o dinheiro. Ele a maltrata física e moralmente. A mulher fica surpresa e rebate violentamente as investidas do amante. Os dois chegam à conclusão de que só poderia ter sido Veludo o ladrão. Este acaba por confessar. Mas, agora, é Neusa quem agride Vado, acusando-o de ter relações com Veludo. Neste clima de recriminações mútuas, os três personagens vivem um drama trágico e violento, num desafogo para suas vidas trágicas e derrotadas.

O PALÁCIO DOS ANJOS (Le Palais des Anges), de Walter Hugo Khouri. Com Geneviève Grad, Luc Merenda, Pierre Celler, Adriana Prieto, Rossana Ghessa, Norma Bengell, Joana Fomm, Sérgio Hingst, John Herbert, Alberto Ruschel, Mário Maizo, Bibiana Torino, Célia Padilha, Pedro Paulo Hatheyer, Zózimo Bulbul.
Três companheiras de trabalho, Bárbara, Ana Lúcia e Mariazinha, se associam para explorar a “mais antiga profissão do mundo”. Bárbara, a mais decidida e ambiciosa, sugere às amigas que copiem o fichário sigiloso para atrair clientes ricos e esbanjadores. O plano é posto em prática quando Ricardo, o chefe da firma, não conseguindo fazer de Bárbara sua amante, a despede. As três moças pensam, então, enriquecer tão rapidamente, que, um ano depois possam trocar a prostituição em seu “palácio dos anjos” por uma vida segura e tranqüila, em algum lugar onde ninguém as conheça. A “armadilha” preparada para enredar os impetuosos milionários acaba por envolvê-los emocionalmente. Mariazinha sofre uma depressão psíquica e abandona a vida que leva, voltando para a companhia (e a pobreza) de sua mãe. Bárbara e Ana Lúcia não conseguem fugir à sedução de seu “palácio” (o requintado apartamento em que exercem sua “profissão”). Ana Lúcia só o abandona para instalar outro, de sua exclusiva propriedade. E Bárbara se refugia, sozinha, num mundo de sonhos e frustrações.

1971

ANDRÉ, A CARA E A CORAGEM, de Xavier de Oliveira. Com Stepan Nercessian, Ângela Valério, Ecchio Reis, Antônio Patiño, Maria Regina.
André, de 17 anos, oriundo da cidade mineira de Carangola, tenta ganhar a vida no Rio de Janeiro. Sem qualquer especialização profissional, mora numa pensão sórdida freqüentada por marginais, arranja diversos biscates, torna-se gigolô de uma velha e termina se apaixonando por uma garota, Marli. Sem condições de enfrentar os compromissos decorrentes de uma união conjugal, o rapaz, desempregado e sob o efeito de forte depressão, vive algum tempo às custas de uma união homossexual. Depois, abandona-o e reencontra Marli, que está grávida. Para acertar sua vida com a moça, procura um amigo de Carangola que lhe prometera um emprego. Novamente nada consegue. É fim de ano, a cidade está em festa. André caminha pelas ruas contemplando o espetáculo de papéis picados sendo jogados pelas janelas dos edifícios e da euforia das comemorações nos bares e no asfalto. Seu olhar é vago e ele caminha sem destino.

CIO... UMA VERDADEIRA HISTÓRIA DE AMOR, de Fauzi Mansur. Com Francisco di Franco, Marlene França, Sérgio Hingst, Roberto Bolant, Márcia Maria, Vera Lúcia, Jofre Soares, Sônia Oiticica, Tuska, José Julio Spiewak, Jean Garrett.
Paulo, um jovem engenheiro perfeitamente integrado no establishment de nossa sociedade, é atingido por uma paixão sem limites por um garoto engraxate, Darci. Nem os prazeres das casas noturnas e a boemia ou o amor ilícito e até mesmo a dedicação de uma jovem casadoura conseguem curá-lo desse amor impossível. Pelo contrário, aprofundam e complicam ainda mais o conflito que lavra em seu íntimo. Ceder ao apelo da carne mesmo ferindo a personalidade do garoto ou sufocar o seu desejo, fazendo o amor sublime sobre o puramente carnal? São comoventes as peripécias do garoto de origem humilde, um migrante, em luta pela sobrevivência na cidade grande. E como se não bastasse, vê-se às voltas com as atenções do jovem apaixonado. A afeição que sente pelo engenheiro impele-o para os braços deste, acreditando estar dando assim seqüência ao que há de mais sublime no amor nas suas mais variadas facetas. O garoto torna-se um quebra-cabeças para o engenheiro. Mas um quebra-cabeças do qual não quer se desligar em nenhuma hipótese. A melhor situação, aliás, a mais satisfatória de todas elas para ambos, seria a de que o garoto fosse uma garota, sim uma menina mesmo. Aí o amor entre ambos não dependeria de definições. Ficaria tudo entregue ao todo soberano instinto, cuja função é estimular o uso mais apropriado do nosso corpo, fossem quais fossem as implicações que isso poderia acarretar. A aberração passaria a ser pura e simplesmente a mais perfeita naturalidade. Nada é mais natural do que a atração entre o homem e a mulher: sustentáculo e garantia da perpetuação da espécie... o cio, enfim...

DOIS PERDIDOS NUMA NOITE SUJA, de Braz Chediak. Com Emiliano Queiroz, Nelson Xavier, Paulo Sacramento, Pepa Ruiz, Fernando José.
Tonho e Paco vivem em um pardieiro e trabalham no mercado. Certa vez, Tonho se desentende com outro carregador, que o humilha, do que se aproveita Paco para ridicularizar o companheiro. Ao saber que Tonho tem um revólver, Paco propõe um assalto. Ante a recusa de Tonho, Paco mente-lhe sobre um acordo de conciliação que fizera com o carregador que havia humilhado o primeiro. Diante disso, Tonho acaba concordando. Os dois assaltam um casal, e na divisão do roubo Paco tenta enganar Tonho. Cansado de humilhações, Tonho empunha sua arma contra Paco. Este não se assusta, lembrando que falta munição. Tonho tira uma bala do bolso, carrega a arma e obriga Paco a bancar uma mulher. O desenlace destas vidas marginais será trágico.

EM FAMÍLIA, de Paulo Porto. Com Rodolfo Arena, Iracema de Alencar, Paulo Porto, Odete Lara, Anecy Rocha, Procópio Ferreira, Fernanda Montenegro, Antero de Oliveira, Elisa Fernandes, Álvaro Aguiar, Francisco Dantas.
Ameaçados de despejo, um casal de velhos resolve chamar seus cinco filhos, Jorge, Corinha, Mariazinha, Neli e Roberto, para resolverem o problema. A solução é separar o casal. Dona Lu vai para a casa de Jorge, no Rio de Janeiro, e o Sr. Souza para a de Corinha, em São Paulo. Os velhos começam a criar problemas: Dona Lu perturba o trabalho de Anita, mulher de Jorge, que costura para fora, e seu Souza resolve levar para casa um amigo, Afonsinho. Neli, a filha rica, diante da situação, tenta levar os pais para sua casa, mas desiste em virtude da negativa do marido. A solução é colocar Dona Lu no asilo de velhos e o Sr. Souza irá para a casa de Mariazinha, em Brasília. Os dois velhos passam o último dia juntos, antes da separação. Mas ele não sabe que ela vai para um asilo e promete arranjar um emprego e mandar buscá-la. Os filhos assistem à cena de longe.

A GUERRA DOS PELADOS, de Sylvio Back. Com Átila Iório, Jofre Soares, Stênio Garcia, Dorothée-Marie Bouvier, Emanuel Cavalcanti, Maurício Tavora, Otávio Augusto, Zózimo Bulbul, Jorge Karan, Lala Schneider, Sale Wolokita, Edson D’Ávila.
Outono de 1913, Taquaruçu, interior de Santa Catarina, Campanha do Contestado. A concessão de terras a uma companhia de estrada de ferro estrangeira para explorar suas riquezas através de uma serraria subsidiária e a existência de um reduto messiânico formado pelos expropriados geram um sangrento conflito na região. Por exigência dos “coronéis”, em conluio com os “gringos”, forças regulares intervêm para liquidar as tensões, mas os “pelados” (assim chamados por rasparem a cabeça) se revoltam, reagem e se entrincheiram num reduto messiânico, à semelhança do que aconteceu em Canudos. Não obstante os esforços da autoridade militar local, a pressão dos coronéis precipita o ataque de surpresa dos “pelados”. Com represálias mútuas, escaramuças, batalhas campais e a morte de dezenas de pessoas, os “pelados” fogem, sofrendo grandes perdas, para tentar uma nova investida.

UM HOMEM SEM IMPORTÂNCIA, de Alberto Salvá. Com Oduvaldo Vianna Filho, Glauce Rocha, Rafael de Carvalho, Lícia Magna.
Face a seu desemprego crônico, Flávio mais uma vez se desentende em casa. Seu pai é um mecânico rude, sem instrução, que vive mergulhado em seu trabalho. Flávio sai à rua para fazer nova tentativa de encontrar trabalho. Aos 30 anos de idade, sem qualquer perspectiva, sente que já perdeu a juventude e continua desprovido de chances de realização. Após ligeira tentativa de aproximação de um grupo jovem e um encontro com Selma, uma mulher desquitada que entende o seu drama, Flávio volta para casa, briga outra vez com o pai e espera novo dia para continuar a lutar por um lugar ao sol.

LÚCIA MCCARTNEY, UMA GAROTA DE PROGRAMA, de David Neves. Com Adriana Prieto, Paulo Villaça, Nelson Dantas, Odete Lara, Isabella, Márcia Rodrigues, Albino Pinheiro, Renato Coutinho, Maria Gladys, Rodolfo Arena, Roberto Bonfim, Wilson Grey.
Lúcia McCartney é uma garota moderna que gosta de sair com rapazes. De sua admiração pelos Beatles, vem o sobrenome McCartney, em homenagem a Paul, integrante do conjunto. Mas nem só de música vive a linda moça. Os agenciadores profissionais têm o seu número de telefone e a convocam para encontros com homens de negócios que precisam divertir-se. Numa dessas ocasiões conhece o rico industrial paulista José Roberto, cuja procura de relação mais séria é frustrada pela escala social e pelo modo de vida de cada um. De garota de programa ela se transforma em prostituta, vigiada por carcereiros no bordel de uma severa cafetina. O diplomata F.A., interessando-se pela jovem no rendez-vous, decide tirá-la daquela vida e contrata os serviços do Dr. Mandrake, uma vez que os leões de chácara não a deixam sair. O advogado, pouco escrupuloso, solicita o auxílio de um investigador e obtém um resultado totalmente inesperado.

UMA MULHER PARA SÁBADO, de Maurício Rittner. Com Adriana Prieto, Flávio Portho, Inês Knaut, Miguel di Pietro, Pedro Paulo Hatheyer, Júlia Miranda, Dorothy Leiner, Assunta Peres, Esther Góes.
Dorianne, garota rica, dá uma festa em sua casa, onde conhece um rapaz pobre e tímido chamado Nando. O encontro é promissor, mas não vai adiante. Dias depois, ao combinar com seu amigo Loco um fim-de-semana numa casa de praia deserta, Nando descobre que uma delas é Dorianne. Os quatro combinam se identificar por números. Loco, número um, tenta conquistar a moça número dois. Nando (quatro) e Dorianne (três) iniciam um romance poético que termina por ser a primeira experiência sexual da garota. Quando retornam à capital, todas as relações se deterioram, Dorianne torna-se para Nando uma ambição impossível, o que a leva aos braços de Loco, interessado em casar-se com ela. Antes disso, Dorianne tem um último encontro com Nando no pequeno apartamento do rapaz e depois, parte para sempre. E Nando fica com seu programa de sempre: uma mulher vulgar que costuma visitá-lo aos sábados.

PINDORAMA, de Arnaldo Jabor. Com Maurício do Valle, Ítala Nandi, Hugo Carvana, Wilson Grey, Jesus Pingo.
Século XVI: D.Sebastião fundou Pindorama, que significa “região das árvores altas”, segundo os padrões clássicos de sua terra natal, Portugal. Em virtude das dificuldades reinantes: a proximidade da selva; as tribos indígenas; a mistura de raças e os interesses econômicos nascentes na jovem colônia, resolve abandonar tudo. Pindorama torna-se, então, quase um país livre, alegre, misto de tribo delirante e colônia de desagregados. Mas, um dia, por ordem expressa do Rei, D. Sebastião é obrigado a voltar a Pindorama para impor ordem e disciplina. Quando regressa, é recebido com um banquete de conciliação pelo Governador da Cidade e por Diogo, um rico mineiro. Aos poucos, D.Sebastião se vê envolvido por ambos. Incitada por dois corruptos, há uma revolta de negros, totalmente dizimados pelas forças de Sebastião. Quando este volta a Pindorama, percebe que perdeu todo o poder e que este se encontra em mãos de políticos habilidosos. Finalmente, Sebastião enlouquece.

1971/84

PRATA PALOMARES, de André Faria Júnior. Com Ítala Nandi, Renato Borghi, Carlos Gregório, Otávio Augusto.
Tentando atingir a região conquistada por seus companheiros, dois guerrilheiros se perdem e vão parar numa ilha, onde se abrigam numa igreja abandonada. Para dar um tempo a um deles (Carlos Gregório) de construir o barco para sua fuga, o outro (Renato Borghi) apresenta-se às autoridades locais como o novo padre, que estava sendo esperado, e que eles sabem ter morrido no caminho. Enquanto o primeiro permanece fiel a seus compromissos revolucionários, o outro vai-se deixando corromper, por desencanto, covardia, oportunismo, falsas ilusões, ou tudo isso misturado, tornando-se um instrumento nas mãos do poder, ou perseguindo a miragem de um “paraíso agora” que acaba levando-o à sua própria destruição.

1972

ANA TERRA, de Durval Garcia. Com Rossana Ghessa, Geraldo del Rey, Pereira Dias, Antônio Augusto Fagundes, Naide Ribas, Carlos Castilho, Vânia Elisabeth, Rejane Schumann.
Rio Grande do Sul, século XVIII, Os Terra (Manoel, o pai; Henriquieta, a mãe; os filhos Antônio, Horácio e Ana) dedicam suas vidas ao trabalho duro no campo, de sol a sol, e à defesa do seu rancho, que de tempos em tempos é atacado por bandoleiros. Única moça solteira naquelas paragens, Ana Terra ressente-se da solidão em que vive e teme os constantes assaltos, até que por lá aparece o mestiço Pedro Missionário, sobrevivente das lutas na região das Missões, por quem a moça se apaixona. Dele tem um filho, Pedrinho, mas a família, extremamente preconceituosa, manda matar o mestiço, por não entender que Ana possa se casar com um ser considerado inferior, um bugre. Certo dia um grupo de bandoleiros ataca a fazenda dos Terra, dizimando todos, à exceção de Ana, que enfrenta a fúria dos assassinos desejosos de violentá-la. Ana a tudo resiste, pois tem que salvar e criar o filho, que tivera tempo de esconder. Com muita fibra e admirável força de vontade, Ana Terra enfrentará então um mundo novo e hostil que sabe existir diante de si.

AS DEUSAS, de Walter Hugo Khouri. Com Lilian Lemmertz, Mário Benvenutti, Kate Hansen.
Ângela, de 30 anos, hipersensível, insegura e problemática, é paciente de Ana, jovem psiquiatra sem muita experiência profissional. Na origem da depressão da primeira, estão diversos fatores, inclusive sua ligação com Paulo, engenheiro, misto de dominador e vítima. Admitindo ter conduzido de forma indevida o tratamento de Ângela, Ana quer passar o caso para um profissional mais experiente, e empresta uma de suas casas de campo para que sua paciente se isole e repouse. Ângela, porém, tem necessidade da presença de Ana, e Paulo se vê na contingência de chamar a doutora, que não conhecia, diante da inquietação de sua mulher. A casa passa a ser então um pólo catalisador para essas três pessoas, que começam a misturar suas emoções, seus problemas, seus sentimentos e até suas personalidades. A atmosfera do lugar apodera-se dos três e Ana, finalmente, revela-se o elo mais vulnerável desse triângulo mágico que acaba por se desfazer, ao se envolver tanto nos problemas dos dois, tornando-se dependente deles.

OS DEVASSOS, de Carlos Alberto de Souza Barros. Com Jardel Filho, Darlene
Glória, Francisco di Franco, Jorge Dória, Milton Morais, Fábio Sabag, Ana Maria Magalhães.
Um professor universitário, envolvido numa situação misteriosa e procurado pela polícia, se esconde num pequeno hotel pobre de beira de praia entre Paraty e Angra dos Reis. O hotel é de propriedade de Jorjão, homem integrado na vida da Natureza, voluntariamente desligado do mundo moderno, intuitivo, alcoólatra e libertino, que tolera as fugazes aventuras extra-conjugais da mulher, Rosenda, pela qual vive uma paixão irracional. O conflito entre a racionalidade sistemática do professor e aquele mundo agressivo e instintivo de Jorjão proporciona a linha psicológica para o desenvolvimento da trama. A insaciedade de Rosenda e o desespero com que procura satisfazer-se com outros homens, inclusive com o professor, fornecem os elementos dramáticos que envolvem a ação.

SÃO BERNARDO, de Leon Hirszman. Com Othon Bastos, Isabel Ribeiro, Nildo Parente, Wanda Lacerda, Mário Lago, Jofre Soares, Rodolfo Arena.
No interior de Alagoas, o filho de camponeses Paulo Honório, é um mascate que perambula pelo sertão a negociar com redes, gado, imagens, rosários e miudezas. Cria uma obsessão: arrancar a fazenda São Bernardo das mãos de seu inepto dono, o endividado Luiz Padilha, transformando este em seu empregado. Alcançando finalmente seu objetivo e, com muita astúcia e violência, Paulo Honório faz a fazenda prosperar e torna-se temido pelos empregados e fazendeiros vizinhos. Nesse momento, ele sente que precisa constituir família e vê essa possibilidade na professora esquerdista Madalena, a quem convida para visitar a fazenda. Casam-se, mas o humanismo e sensibilidade da professora se chocam com a rudeza de Paulo Honório, ficando no ar a suspeita de que ela o trai, física e politicamente. Daí por diante, Paulo Honório passa a viver dentro de um clima de ciúme motivado por sua imaginação possessiva. Um dia, descobre uma folha de papel na qual reconhece a letra de Madalena. Pensa que é parte de uma carta para um amante. Discutem e Madalena suicida-se. Honório é então um homem arrasado, torturado pelas dúvidas, solitário. No fim da vida, escreve suas memórias.

TODA NUDEZ SERÁ CASTIGADA, de Arnaldo Jabor. Com Paulo Porto, Darlene Glória, Paulo Sacks, Paulo César Pereio, Isabel Ribeiro, Hugo Carvana, Elza Gomes, Henriqueta Brieba, Sérgio Mamberti.
Herculano, de família tradicional, jurou à esposa moribunda que jamais se ligaria a outra mulher. O juramento quase que o levou à loucura. O filho, Serginho, jovem puro e aluno de um tradicional colégio, é igualmente contrário à presença de qualquer outra mulher na vida do pai. Patrício, irmão caçula que vive às custas de Herculano, tudo faz para que este dependa dele cada vez mais para, desta forma, melhor explorá-lo. Assim, aproveitando-se de uma das crises de desespero de Herculano, Patrício coloca junto de sua mesa uma fotografia de Geni, prostituta e cantora de cabaré, induzindo o irmão a procurá-la. Com Geni, Herculano passa três dias de loucura. Ao voltar à realidade, renega a ligação tida com Geni, por considerá-la algo espúrio. Mas a esta altura, Geni e Herculano estão irremediavelmente apaixonados. Herculano procura fugir e esquecer Geni. Não consegue, pois é atormentado por Patrício, que o incita a continuar, e pelo filho, que lamenta sua conduta. Entrementes, todos os personagens, de uma forma ou de outra, enveredam por caminhos tortuosos, sem solução.

1973

ANJO LOIRO, de Alfredo Sternheim. Com Vera Fischer, Mário Benvenutti, Célia Helena, Ewerton de Castro, Liana Duval, Lineu Dias, Léa Surian, Nuno Leal Maia, Ivete Bonfá
Armando, um professor quarentão, solteiro, leva uma vida metódica, segura e tranqüila. Não se prende a ninguém, experimenta algumas aventuras e é muito dedicado ao trabalho. Na escola, percebe que um de seus alunos, Mário, apresenta declínio nos estudos. Trata de averiguar a causa e descobre que o rapaz está apaixonado por Laura, uma colega. Armando vai então falar com a moça e lhe sugere que se afaste de Mário. Mas nessa espinhosa missão, o professor acaba se deixando envolver por Laura. E não tarda a perceber que, também ele, está apaixonado por ela. A moça parece corresponder a seu amor e passa a viver com ele. Mas Laura, muito embora sua pureza de sentimentos, leva uma vida amoral, voluptuosa. Sua conduta provoca entrechoques que, entretanto, não arrefecem a paixão de Armando, cada vez maior e obsessiva. Essa nova existência, repleta de emoções inéditas, começa a influir na conduta profissional de Armando e em suas relações com a família e com os amigos. E dá margem a conflitos que culminam com sua degradação total.

JOANNA FRANCESA, de Carlos Diegues. Com Jeanne Moreau, Carlos Kroeber, Helber Rangel, Pierre Cardin, Lélia Abramo, Eliezer Gomes, Ney Sant’Anna.
Em 1930 vivia em São Paulo uma francesa, Jeanne, proprietária da Maison Close, casa freqüentada por importantes personalidades da época. Sensibilizada com o amor que lhe dedica Aureliano, um rico dono de engenho de açúcar, Jeanne parte com ele para viver no norte do país, contra os conselhos de Pierre, Cônsul Geral da França no Brasil, amigo e ex-amante da francesa, que tenta por todos os meios dissuadi-la. Em Santa Rita das Alagoas, a alegre Jeanne é envolvida involuntariamente nos problemas da família de Aureliano: Dona Olímpia, a mãe beata e severa, que prepara com morbidez a sua morte; a mulher, das Dores, moribunda, que, em sua agonia, só fala de inferno e maldição; e os filhos, Ricardo, estudante esquerdista, Leoninho, fraco e orgulhoso, dois adolescentes, um rapaz e uma moça que vivem incestuosamente, e uma criança anormal, fruto de um incesto da mãe. É também envolvida nas lutas políticas e na decadência do engenho. Jeanne acaba assimilando os valores culturais da terra e de seus habitantes. Sua transformação é drástica e trágica.

A NOITE DO DESEJO (aka Data marcada para o sexo, de Fauzi Mansur. Com Marlene França, Selma Egrei, Roberto Bolant, Ney Latorraca, Betina Viany, Gracinda Fernandes, Ewerton de Castro.
Dois jovens operários, que vivem de salário mínimo, e que guardavam suas economias, resolvem experimentar uma completa noite de festas e orgia. Eufóricos, preparam cuidadosamente sua noitada. Inicialmente, procuram nas altas camadas o prazer desejado e se decepcionam, desolados. Depois, descem até à classe média, na qual encontram ambiente mais alegre e mais sintonizado com suas personalidades, mas também sofrem o desencanto de não se sentirem perfeitamente integrados. Acabam por se realizar completamente num bordel de quinta categoria, ambiente que dominam por inteiro, e cujas mulheres não somente lhes proporcionam total prazer, como ainda os compreendem e os aceitam tais quais são.

TATI, A GAROTA, de Bruno Barreto (estréia). Com Dina Sfat, Daniela Vasconcelos, Hugo Carvana, Marcelo Carvalho, Fábio Sabag, Wanda Lacerda, Wilson Grey.
Manuela, costureira e mãe solteira, muda-se do subúrbio para Copacabana, na esperança de conseguir melhor freguesia. Leva consigo, para um apartamento de cômodo único, a filhinha Tati, de seis anos. A menina é uma criança sofrida, mas de temperamento extrovertido, expansivo, e, por esse motivo, em pouco tempo fica muito popular entre as crianças da praça do Lido, onde vai brincar. Quando lhe perguntam se tem pai, Tati responde inocentemente que tem até muitos. Na verdade, para fugir à rotina das costuras, Manuela sai, de vez em quando, em companhia de amigos. Um deles, o Capitão Peixoto, homem do mar, aparece de tempos em tempos em sua casa, sempre trazendo presentes para mãe e filha. A menina o quer como a um verdadeiro pai. Manuela e Tati têm um bom relacionamento, embora difícil, superado quando ambas conversam sobre o bebê que Manuela está esperando. Uma crise emocional, porém, somada às habituais dificuldades da vida, leva Manuela a perder o filho. O consolo de Tati são seus três amiguinhos, principalmente Paulinho.

1974

A CARTOMANTE - As regras do adultério, de Marcos Faria. Com Maurício do Valle, Ítala Nandi, Ivan Cândido, Lúcia Lage, Célia Maracajá, Valmir Dulcetti, Paulo César Pereio.
O mesmo conto é narrado em duas épocas diferentes: No Brasil do Segundo Império e nos dias atuais. O filme é a história de Camilo, Vilela e Rita. Vilela e Rita são casados e Camilo é o seu melhor amigo, tornando-se amante da mulher, um pouco mais nova do que ele. A relação entre os dois transcorre sem maiores problemas até que chega o primeiro bilhete anônimo. Rita suspeita que o afastamento de Camilo seja causado por indiferença. Consulta uma cartomante e esta lhe diz que pode confiar que tudo vai bem. É a mesma cartomante que Camilo irá procurar antes do encontro marcado por Vilela. Ela lhe diz que não se assuste, que seus temores são injustificáveis. Camilo vai à casa de Vilela e acha Rita morta num canto. O marido aponta a arma contra ele e o mata.

PENSIONATO DE MULHERES, de Clery Cunha. Com Magrit Siebert, Helena Ramos, Silvana Lopes, Liana Duval, Lisa Vieira, Thais Rondon, Ruthinéia de Morais.
Geny, garota do interior, vem para São Paulo em busca de novas oportunidades, realizando um velho sonho. Ao chegar, procura Dona Ismênia, amiga de infância de sua mãe e proprietária de um pensionato de moças, onde se hospeda. Ali, trava conhecimento com as pensionistas, todas em busca de sucesso. A morte de uma das moças, provocada por um aborto com hemorragia, desperta em Geny a sensação de que está vivendo num mundo completamente estranho ao seu. Ela decide voltar para sua cidade e viver uma vida simples.

PUREZA PROIBIDA, de Alfredo Sternheim. Com Rossana Ghessa, Zózimo Bulbul, Monah Delacy, Wanda Matos, Wanda Costa, Ruth de Souza, Carlo Mossy.
A Irmã Lúcia, vinda do interior, chega a uma aldeia no litoral, onde servirá como enfermeira junto à Congregação. Em pouco tempo, conquista a simpatia da população, inclusive daqueles que praticam outros cultos, como o Candomblé. Irmã Bárbara e Anésia, esta a namorada de Chico, pescador negro encarregado de transportar diariamente a freira para um curso de enfermagem numa cidade vizinha, são as únicas pessoas que hostilizam a irmã Lúcia. Uma amizade pura tem início entre a freira e o pescador, e as crianças ficam encantadas com Irmã Lúcia. Durante a festa de Cosme e Damião, as atenções do pescador em relação à freira aguçam o ciúme de Anésia, que prepara um despacho contra Irmã Lúcia, logo desfeito por Mãe Cotinha, a autoridade máxima do Candomblé. Um banho de mar de Irmã Lúcia com as crianças serve de pretexto para Anésia acusar o pescador e a freira de estarem fazendo amor. Chico é preso e a freira submetida a um exame médico. Estes acontecimentos desencadearão um desfecho inesperado.

RELATÓRIO DE UM HOMEM CASADO, de Flávio Tambellini. Com Nery Vitor, Françoise Forton, José Lewgoy, Cláudia Fontenele, Fábio Sabag, Paulo César Pereio, Haydeé Miranda, Janet Chermont, Fernando Amaral, Otávio Augusto.
Procurado por Norma, uma jovem sensual, como advogado, Carlos se torna rapidamente seu amante. A princípio, se entrega à aventura por mera curiosidade, mas vai caindo em obsessiva fixação passional à medida em que sente, cada vez mais, que não a domina, que ela é imprevisível. Norma é o contrário de seu tipo de homem formal, até então incapaz de qualquer profundo envolvimento afetivo. Como a amante não consegue afastá-lo da esposa, parte para a Bahia com um homem de fortuna, com quem afirma pretender se casar. Emocionalmente desligado da esposa, Carlos procura, sem êxito, em outras mulheres, o fascínio que encontrou em Norma. Quando a moça decide voltar, ele vai viver com ela. A partir daí, entra em processo de destruição: seu sucesso profissional, seus recursos financeiros, seu amor-próprio e sua própria vitalidade de homem começam a ruir. Afinal, sabendo-se traído, Carlos tem um assomo de revolta, mas ainda se debruça à janela, desesperado, procurando uma última visão de Norma, cuja figura desaparece na escuridão da noite.

TROTE DOS SÁDICOS, de Aldyr Mendes de Souza. Com Nídia de Paula, Silvana Lopes, Jofre Soares, Carlos Coelho, André Luiz, Vera Maria, Bentinho, Durval de Souza, Xandó Batista, Ricardo Blat, Sérgio Hingst.
Ricardo e Patrícia se encontram durante os vestibulares de Medicina. Aprovados, são logo abordados por Mário, Márcio e Lúcia, veteranos e sádicos, que comandam os trotes. Ricardo tem seus cabelos raspados e Patrícia tem cortadas suas lindas unhas. Quando o diretório acadêmico, desejando acabar com a violência dos trotes, faz um plebiscito entre os estudantes, Mário e sua turma interrompem a votação queimando a urna. E assim continuam os trotes. Com a provocação dos veteranos, o romance entre Ricardo e Patrícia arrefece, pois o rapaz cai numa armadilha, acusado de ter profanado um cadáver. É expulso da faculdade. A violência recrudesce e os próprios estudantes, assustados, começam a tomar represálias contra Mário. Finalmente, o diretor toma conhecimento das violências. Ricardo é reintegrado na Universidade e volta para Patrícia, enquanto os sádicos são suspensos ou expulsos.